sábado, 14 de maio de 2011

Voz do Povo

Voz de Presidente - um aviso

«Se não mudarmos, dentro de 3 anos estaremos pior»
Cavaco Silva, Presidente da República

Voz de Presidente - uma constatação

«(O governo de José Sócrates) tardou a reconhecer a crise global (...) Esse atraso do governo, que, de algum modo, ignorou a crise global, foi grave para Portugal»

Mário Soares na nota introdutória ao seu livro No Centro do Furacão - Reflexões sobre a Europa e Portugal em tempo de Mudança

Na montra com xeiques, xás, nababos e outros actores

Eis uma notoriedade que Portugal dispensava. Na montra de uma loja da Rodeo Drive, em Hollywood, onde um fato custa mais de 30 000  euros, estão afixados os nomes de alguns clientes, entre eles «José Sócrates, prime minister of Portugal».

Uma sessão de propaganda

O editorial da Sábado desta semana tem como título e tema «Um pedido de desculpas aos leitores», por a edição anterior da revista ter publicado, inadvertidamente, uma fotografia de propaganda como se fosse jornalística. A Sábado explica: «Na terça-feira, dia 3, José Sócrates organizou uma comunicação à imprensa para anunciar o que não constava do acordo com a troika e decidiu proibir a entrada de fotojornalistas em São Bento: todas as imagens seriam tiradas, editadas e escolhidas pelo seu fotógrafo e pelo seu gabinete.»
Enganada pelo facto de a fotografia lhe ter chegado como sendo da Lusa (a agência onde os jornalistas que investigam a acção do governo são despedidos), a Sábado classifica os acontecimentos: «O que aconteceu na residência oficial do primeiro-ministro é gravíssimo. O Palácio de São Bento não é a casa particular de José Sócrates: é o local de trabalho que os Portugueses atribuem - e pagam - ao chefe do governo para ele exercer as suas funções. E uma comunicação ao país não é uma conversa de café: é um facto público que os jornalistas têm o direito de cobrir (...) Os leitores de jornais e revistas só viram aquilo que José Sócrates quis: o seu gabinete escolheu os ângulos, os enquadramentos e os momentos das fotografias. Isso, evidentemente, não é jornalismo, é propaganda.»
                                            (Foto não autorizada de José Sócrates)

20 mil euros de cada família para fantasias ruinosas

Eram para ser grátis, mas acabaram por se transformar numa das principais razões para o extremo endividamento do Estado português (...) Durante anos, as PPP (Parcerias Público-Privadas) foram vangloriadas - sobretudo pelos governos de António Guterres e de José Sócrates, responsáveis por 104 dos 127 contratos assinados (...) Ao fim de 15 anos de experiência, é fácil constatar que tudo não passou de uma fantasia (...) Até ao final de 2011, os Portugueses já tinham pago mil milhões de euros pelos 127 contratos. Mas até ao final de 2050, prevê-se que o Estado pague mais 60 mil milhões de euros - valor que equivale a 20,5 mil euros por família.
Excertos de artigo no jornal Sol, 13 de Maio, sob o título «Um mundo de fantasia que vai sair-nos caro»

O dinheiro dos contribuintes é para descontos cor-de-rosa

O dinheiro dos contribuintes é para o regabofe com as almas gémeas

Em 2006, no primeiro ano completo de José Sócrates como primeiro-ministro, Rui Pedro Soares, antes na Zon TVCabo, com um rendimento anual de 70 000 euros, passou a ser um dos administradores da holding da PT, a maior empresa de Portugal. Por meio ano como membro da Comissão Executiva da PT SGPS, Rui Pedro declarou rendimentos de 400 mil euros. A 17 de Fevereiro a PT enviou um comunicado à CMVM anunciando que Rui Pedro Soares havia renunciado ao cargo de administrador, pelo que viria a receber mais de 1 milhão de euros.

O dinheiro dos contribuintes é para os amigos


Nos 3 primeiros meses do segundo mandato, José Sócrates nomeou 1.361 pessoas. Além dos chefes de gabinete, foram nomeados 167 adjuntos, 265 assessores/colaboradores/consultores, 265 administrativos, 132 secretárias e 114 motoristas. Feitas as contas, cada um dos 55 membros do Governo nomeou, em média, 18,2 pessoas para os respectivos gabinetes. Depois de estar já demissionário, o Governo fez ainda 156 nomeações – após o chumbo do PEC 4 no Parlamento, foram publicadas em Diário da República 85 nomeações e 71 promoções, numa média recorde de 12 nomeações diárias, sendo o Ministério da Administração Interna o que contou com o maior número.

«Cinco ou seis Sócrates»

«O engenheiro Sócrates que conhecemos primeiro era candidato a secretário-geral do PS: muito caladinho, sempre a pisar ovos, e a prometer seriamente 150.000 empregos. Disse mesmo que não subia impostos.»

«O segundo Sócrates que nós conhecemos já tinha reformado a Segurança Social e passado a ser um herói da direita (...) e que a esquerda do PS queria estrangular»
«O terceiro Sócrates que nós conhecemos estrangulou a esquerda do PS, calou o partido e centralizou as polícias sob a sua esclarecida direcção. Havia manifestamente dentro dele uma outra criatura quase a nascer.»

«O quarto Sócrates (...) apareceu em cena como o grande campeão da modernidade. Sairam maravilhas do seu Governo: o "Simplex" (que não simplificou nada), o famoso 5 em 1 (que atrapalha tudo) e o "Magalhães", que deveria iluminar as criancinhas (...) Os ditadores gostaram imenso dele, principalmente o da Venezuela. Não se encontram almas gémeas com facilidade.»

«(O quinto Sócrates) começou a esconder e a "gerir" a informação e descobriu em si um horror honesto a quem o criticava.»

«Agora, o sexto Sócrates que nós conhecemos é um mártir (...) Quem olhar bem, consegue ver nele um halo sobre a sua inspirada cabeça.»

Vasco Pulido Valente, Público

Ridículo internacional - «O veneno de Sócrates»

«Os eleitores portugueses (que ouviram a declaração do primeiro-ministro em exercício sobre o plano de resgate de FMI/UE/BCE) devem ter pensado tratar-se de uma acção de campanha para as eleições de 5 de Junho.»
Excertos de artigo da revista Economist, sob o título «O veneno de Sócrates»

Ridículo internacional - «Com governantes como o sr. Sócrates...»


«A gestão da crise portuguesa foi e continua a ser assustadora. José Sócrates, o primeiro-ministro de Portugal, escolheu adiar a aplicação do pacote de ajuda financeira até ao último minuto. O seu anúncio, na semana passada, foi um momento de tragicomédia. Com o País à beira do colapso financeiro, o senhor Sócrates gabou-se na televisão nacional, de ter conseguido um melhor acordo do que a Irlanda e a Grécia. Em aditamento, afirmou que o acordo não será muito doloroso».
«Quando os detalhes se tornaram conhecidos, dias depois, foi possível ver que nada disso era verdade (...) Não se pode gerir uma união monetária com governantes como o senhor Sócrates.»
Excertos de artigo de Wolfgang Munchau, editor-associado do Financial Times

Desastre nacional

Estes são os frutos de seis anos de governo Sócrates:

- Pior dívida pública dos últimos 160 anos (mesmo não incluindo os custos das Parcerias Público Privadas e os défices das empresas públicas).
 - Pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (duplicou em 6 anos.)
 - Maior dívida externa dos últimos 120 anos: Dívida externa bruta em 1995 de 40% do PIB;  dívida externa bruta em 2010 de 230% do PIB . Dívida externa líquida em 1995 de 10% do PIB; dívida externa líquida em 2010 de 110% do PIB
 - Dívida pública em 2005 = 82.000.000.000€; Dívida pública em 2010 = 170.000.000.000€
 - 3º País do Mundo com pior crescimento económico nos últimos 10 anos (atrás do Haiti.)
 - 4º País do Mundo com maior aumento de dívida nos últimos 10 anos.
- Atualmente no 4º lugar do top dos países do Mundo em risco de bancarrota.
- Em 2011 só Portugal, Grécia e Costa do Marfim estarão em recessão no Mundo.
- Em 2012 só Portugal estará em recessão no Mundo.

«No sítio do "Luís, estou bem assim?" ninguém dorme. Se o inimigo fala de televisão, sai televisão; se na agenda há impostos, sai impostos; vem batata, sai batata. Julga-se que se pode enganar o povo todo durante todo o tempo.»
«A história lamentável do PS e da taxa social única - será que o primeiro-ministro já não lê os documentos que subscreve? -, o texto demolidor de Wolfgang Munchau, no Financial Times, - que diz de Sócrates o que nem o PSD ousa dizer -, o programa eleitoral do PS - que se aproxima no conteúdo do best-seller Livro em Branco. Tudo isto é triste e converge para um desastre anunciado.»
«(...) Constroi-se o medo. Acontece que a manha de Sócrates já não assusta.»
Raul Vaz, Diário Económico, 13 de Maio

O alívio necessário

«Estou muito contente que tenha vindo a 'troika', que num espaço de um mês tenha havido esta junção de vontades», disse Fernando Ulrich, o presidente do BPI, numa conferência, na passada semana, no Porto. E adiantou: «Estou agradecido por o Governo ter caído e o PEC ter sido chumbado, porque agora vamos partir para uma nova fase da economia portuguesa.»
Fernando Ulrich recordou que «ao longo do tempo fui chamando a atenção» para as medidas que o País necessitava de tomar,  mas «chamaram-me incendiário».
O banqueiro disse também que foram postos em marcha investimentos públicos «que não se podiam fazer, o BPI até deixou de financiar alguns».

O preço da «determinação» e do «optimismo»

«Se o país tivesse pedido assistência financeira externa há mais tempo talvez alguns aspectos do programa de ajustamento agora negociado tivessem sido mais brandos»
Jürgen Kröger, responsável da Comissão Europeia quando chegou a Portugal para negociar a ajuda externa.

... e o bode expiatório

O ministro que acordou cedo ...

«Não nos soubemos governar, ou melhor, Sócrates levou-nos à bancarrota. Disse-o em tempo oportuno e repito-o.»
Luís Campos e Cunha, Público, 13 de Maio
Primeira escolha de Sócrates para ministro das Finanças, em 2005, Campos e Cunha viria a demitir-se ao fim de poucos meses, por se opor aos gastos públicos irresponsáveis e ao caminho geral de desgoverno. Campos e Cunha já escrevera há semanas que o ministro das Finanças que se lhe seguiria teria que aceitar que o verdadeiro ministro das Finanças seria, a partir dali, Sócrates.

«O facto político da semana...

... é que José Sócrates está completamente isolado. Ainda que obtivesse votos, não conseguiria formar governo, visto que PSD e CDS afirmaram esta semana que não formarão governo com ele».
Marques Mendes, tvi24

O quadro negro

O autor da desgraça

«É melhor aquele que trouxe o país ao ponto em que está ou aquele que quer mudar as coisas com grande energia, com grande vontade, e, apesar disso, ainda cai em algumas armadilhas?»
António Lobo Xavier, Quadratura do Círculo, criticando o  «bloqueio comunicacional» que apresenta como equivalentes Sócrates, «o autor desta desgraça total», e Passos Coelho

«Com chapeuzinho de burro»

«Se a afirmação de que alguém está mais preparado significa o balanço da acção, então Sócrates deveria estar com um chapeuzinho de burro ao canto da sala a olhar para o quadro negro. O saldo da sua importante preparação foi um desastre total.»
José Pacheco Pereira, Quadratura do Círculo, Sic Notícias
(... embora o castigo pareça excessivo para um bacharel pelo Instituto Superior de Engenharia Civil de Coimbra, em 1979, que 15 anos depois se inscreveu no Instituto homólogo de Lisboa onde terminou 10 cadeiras semestrais e deixou 12 por fazer, e que se inscreveu, por fim, na extinta Universidade Independente, onde concluiu 5 disciplinas, 3 leccionadas pelo mesmo professor e amigo, e foi classificado num domingo de Agosto.)

Arrependimento à saída?

Sócrates apelou, na passada 6ª feira, ao fim do que chama «insultos» e «brejeirices» na campanha eleitoral. Esta nova e interessante posição vem de um chefe de Governo que tem um ministro da Defesa que afirma que «a direita saliva com a ideia do poder», um ministro da Economia que faz gestos grosseiros durante um debate na Assembleia da República, um vice-presidente de grupo parlamentar que rouba gravadores, um secretário de Estado que chama «foleiro» ao presidente, e um ministro de Estado que se entretem a chamar «imaturos», «crianças» e «irresponsáveis» aos adversários. Observadoers de várias áreas registaram o arrependimento tardio de Sócrates em relação ao grau zero de civilidade e elevação intelectual que trouxe ao debate político.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Como Estado a mais nos vai ao bolso

«Há sectores onde há claramente falta de concorrência. No sector dos combustíveis isso é óbvio. Penso que há dificuldades para entrar na distribuição e na componente da refinação.»
Paula Carvalho, economista do BPI, ao Jornal de Negócios.
E, em notícia sob o título «Alta do petróleo castiga orçamentos das famílias»: os preços dos combustíveis têm subido, com impacto negativo em outros bens. O aumento dos custos com o transporte tem sido transposto para os consumidores, até nos produtos mais básicos.»

O que um estado prepotente faz

O Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, que emite e revalida as cartas de condução, informa que rolam neste momento nas estradas de Portugal 65.800 condutores que não têm a carta válida, mas não o sabem. Porquê? Porque em Janeiro de 2008 entrou em vigor legislação que alterou a idade em que é obrigatória a renovação, tendo perdido valor a data de validade que consta do próprio documento - e 33.310 conduores que não revalidaram a carta aos 50 anos e 32.537 que não a revalidaram aos 60 foram apanhados pela manobra de má fé. É assim que o estado socialista cumpre os seus acordos com os cidadãos, sem medo de estabelecer a confusão e pondo à margem da lei pessoas que julgavam ter um acordo com um Estado pessoa-de-bem. As penas são a prisão até 2 anos ou multa até 240 dias.

O confrangedor silêncio do PS

Eis algumas medidas acordadas com a missão de resgate de UE/BCE/FMI, as quais terão efeitos sobre o dia a dia dos Portugueses, e as posições e omissões respectivamente de PSD e PS.
ALIMENTAÇÃO
O acordo exige que a redução da Taxa Social Única seja compensada por receita adicional, nomeadamente mexidas no IVA.
O programa do PS é omisso.
O PSD pode restruturar o IVA mas não mexerá na taxa intermédia. A alimentação é uma das prioridades do Programa de Emergência Nacional.
TRANSPORTES
O acordo exige a revisão de tarifas das empresas de transporte e um programa de privatizações que inclui ANA, CP Carga e TAP.
O programa do PS propõe modernização de infraestruturas portuárias aeroportuárias e rodoviárias, ou seja, mais gastos em obras públicas.
O PSD quer reestruturar a dívida das empresas públicas e proceder a privatizações e concessões.
ÁGUA, ELECTRICIDADE E GÁS
O acordo exige subida do IVA de 6% na electricidade e no gás.
O programa do PS é omisso.
O PSD deseja eliminar todas as tarifas especiais, excepto a tarifa social.
SÁUDE
O acordo exige o aumento das taxas moderadoras até Janeiro de 2012.
O programa do PS nada diz.
O PSD defende o corte nas isenções e o aumento dos valores.
COMUNICAÇÕES
O acordo exige mais concorrência.
O programa do PS não tem medidas concretas.
O PSD propõe a revisão do processo de formação dos preços regulados e maior concorrência , com imposição de metas de produtividade.

O lamentável ruído do PS

«É lamentável, mas o partido que mais tem marcado o tom ruidoso e opaco deste início de campanha eleitoral é o PS. Sem outras propostas que não sejam mais do mesmo (como a aposta nas renováveis - que nos está a sair caríssima (...), os socialistas ocupam o resto do tempo a perseguir as propostas dos outros, com marcação cerrada do PSD.»
Helena Garrido, in Jornal de Negócios, 12 de Maio
E da página anterir da mesma edição: «O Memorando de Entendimento e o memorando de Políticas Económicas e Financeiras - assinados pelo PS, PSD e CDS - consagram uma redução dos custos do trabalho e o reforço da competitividade. O PSD já disse como o vai fazer (...) Falta saber como o vai fazer o PS.»

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sempre ao lado do passado

Quando, na década de 1990, o governo Cavaco Silva abriu a porta às televisões privadas, levantou-se grande indisposição do lado do PS. Especialmente vocal nas críticas à iniciativa foi o socialista Tito de Morais, que explicava que não havia mercado para mais que a RTP e, até, numa surpreedente preocupação com o destino dos operadores privados, dizia que não podia ser, que não havia publicidade que chegasse. Mas havia. Cresceram as televisões, melhorou a informação, melhorou o entretenimento, cresceram as audiências, e cresceu a receita publicitária. Em resumo: foi a concorrência e o progresso.
Aos Portugueses que, hoje, têm 4 canais abertos a funcionar perto de 24 horas, e dispõem de dezenas de escolhas via cabo (não acrescento «pagas», porque a RTP também o é), há-de parecer retrógrada aquela posição socialista, e inexplicável a defesa de uma RTP monopolista e baça, que encerrava antes da meia noite.
Têm, agora, porém, a oportunidade de reviver esse debate retrógrado. Mal se soube que o PSD propõe no seu programa eleitoral a privatização de um dos canais da RTP, as acusações de «imaturidade» e «inconsciência» foram as mesmas do lado do Partido Socialista. E exactamente as mesmas as advertências: que arruinam o serviço público, que não há audiências que cheguem, que não há publicidade para todos. Cabe desta vez a Jorge Lacão dar a cara pela defesa do passado.
Chama-se «reaccionário» àquele que reage contra o progresso. E fica cada vez mais claro que eles estão sobretudo à esquerda.

Sócrates promete não cumprir

Se bem se lembram, a redução da Taxa Social Única é, precisamente, uma das medidas inscritas no programa eleitoral do PSD, apresentado no passado domingo. Pedro Passos Coelho defendeu essa redução de 23,75% para 19,75%, como forma de reduzir os custos do trabalho, e uma das formas de promover a competitividade das empresas portuguesas e reanimar a economia. Sócrates e os socialistas preferiram, porém, o terrorismo político, inventando que a oposição quer acabar com o turismo e a restauração, que quer sujeitar todos os bens à taxa máxima do IVA, que quer aumentar impostos e ele não. Eis, agora, o que José Sócrates disse, ontem, sobre a Taxa Social Única, quando questionado no debate:
- Mesmo posto perante a revelação pública de que há uma carta do seu governo ao FMI, disse que «comprometemo-nos a fazer um estudo que possa levar a uma proposta para estudar a redução da TSU.»
- E quando? Confirma-se que em Outubro com o OE, para entrar em vigor em Janeiro de 2012? «Não está estabelecido».
- E a compensação do lado da receita será feita nos termos enunciados na carta do governo ao FMI, alterando a estrutura do IVA, aumentando os impostos, cortando na despesa? «Com o aumento da receita fiscal ou redução da despesa».
- E então a carta ao FMI, e a notícia no site do FMI? «Uma coisa é a opinião do FMI, outra coisa é a nossa.»
Eis, em toda a sua nitidez, um retrato de carácter. Este é o primeiro-ministro em gestão que escreve uma carta de compromisso ao FMI, mas a mantém secreta. Este é o líder partidário que professa em segredo as medidas que critica à oposição, embora sem as preparar. Este é o governante que tem da governação o conceito de elaboração de «estudos» que «possam levar a propostas» para «estudar» medidas. Este é o primeiro-ministro que, depois de conduzir o país ao limite da insolvência, trata como «opiniões» os acordos com as organizações internacionais que nos resgatam.

Louçã cumpre como jornalista

Ontem à noite, no debate com José Sócrates, o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, prestou aos eleitores um serviço que a generalidade da comunicação social ainda não conseguira prestar. Em vez de tomar por boas todas as afirmações de Sócrates (como se julgaria que a experiência aconselha a fazer) Louçã deu-se ao trabalho de investigar. Primeiro, foi saber de uma carta de compromisso assinada pelo governo Sócrates e dirigida ao FMI. Depois, empunhando a carta, Louçã citou dela que os socialistas se comprometem a fazer «uma grande redução da contribuição patronal para a Segurança Social», ou seja, da Taxa Social Única. Mais disse que essa medida era referida na carta pelos mesmos socialistas como «um elemento crítico do nosso programa». E mais recordou que o site do FMI diz - e não é de crer que o FMI invente - que o governo português está a preparar uma redução da Taxa Social Única de 5 a 7 mil milhões de euros. Por fim, fez a pergunta que um bom jornalista faria (mas ainda não tinha sido feita) :  sendo assim, onde vai buscar o dinheiro para compensar esta perda de receita? A visível perturbação de Sócrates, as platitudes em politiquês que hesitantemente articulou, e a recusa em responder com valores e prazos foram todo um retrato de falta de credibilidade e fiabilidade.