quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sempre ao lado do passado

Quando, na década de 1990, o governo Cavaco Silva abriu a porta às televisões privadas, levantou-se grande indisposição do lado do PS. Especialmente vocal nas críticas à iniciativa foi o socialista Tito de Morais, que explicava que não havia mercado para mais que a RTP e, até, numa surpreedente preocupação com o destino dos operadores privados, dizia que não podia ser, que não havia publicidade que chegasse. Mas havia. Cresceram as televisões, melhorou a informação, melhorou o entretenimento, cresceram as audiências, e cresceu a receita publicitária. Em resumo: foi a concorrência e o progresso.
Aos Portugueses que, hoje, têm 4 canais abertos a funcionar perto de 24 horas, e dispõem de dezenas de escolhas via cabo (não acrescento «pagas», porque a RTP também o é), há-de parecer retrógrada aquela posição socialista, e inexplicável a defesa de uma RTP monopolista e baça, que encerrava antes da meia noite.
Têm, agora, porém, a oportunidade de reviver esse debate retrógrado. Mal se soube que o PSD propõe no seu programa eleitoral a privatização de um dos canais da RTP, as acusações de «imaturidade» e «inconsciência» foram as mesmas do lado do Partido Socialista. E exactamente as mesmas as advertências: que arruinam o serviço público, que não há audiências que cheguem, que não há publicidade para todos. Cabe desta vez a Jorge Lacão dar a cara pela defesa do passado.
Chama-se «reaccionário» àquele que reage contra o progresso. E fica cada vez mais claro que eles estão sobretudo à esquerda.

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